O lamento do artesão pela momentânea perda das almas do
Mercado Público e de Porto Alegre
No dia 06 de julho de 2013 um incêndio danificou
parcialmente o Mercado Público de Porto Alegre tornando a vida no quadrilátero
Rua Borges de Medeiros, Rua Júlio de Castilhos, Largo Glênio Perez e Travessa
José Carlos Dias de Oliveira muito diferente do que era. Falei no início do parágrafo
que o incêndio danificou o mercado, na verdade o incêndio machucou a alma da
cidade.
Milhares de transeuntes passavam diariamente em burburinho pelo
mercado, com olhares curiosos pelas bancas que ofereciam os mais variados tipos
de produtos, uma boa parte não encontrável em outros locais que não ali. Era interessante
observar as bancas disputando a clientela na venda do bacalhau, no oferecimento
dos ingredientes para uma feijoada, gourmets buscando especiarias e temperos
raros de encontrar ou algum gaúcho em busca de uma erva diferenciada das demais.
Aficionados da cozinha macrobiótica procurando os mais variados tipos de grãos.
Glutões atrás de pratos excêntricos como rins ao molho madeira no Restaurante
Gambrinus, também o mocotó servido na maioria dos restaurantes da praça de
alimentação, guloseimas procuradíssimas. Outros tomando o cafezinho de cada dia
ou o chopp diário, mais alguns atrás da conversa fiada cotidiana. Onde andará
essa gente? Com certeza um tanto quanto perdidos por aí.
Que o mercado reabra provisoriamente o quanto antes, pois os
freqüentadores e a cidade momentaneamente estão sem alma.
Foto do Mercado Público inativo, pós incêndio do dia 06 de julho de 2013.